Amamos
o fazer teatral e conscientizamo-nos de intensificar a relação puramente
artística a favor de nós mesmos – ao dispor da sociedade. (Leandro Cazula)
“O teatro não é esta parada
cênica onde um mito se desenvolve virtual e simbolicamente, mas esse cadinho de
fogo e carne verdadeira onde, anatomicamente, por pisoteamento de ossos, de
membros e de sílabas, os corpos se refazem e o ato mítico de fazer um corpo se
apresenta fisicamente e de modo natural.” (ANTONIN ARTAUD).
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Augusto Boal - http://www.olharbrasileiro.net/?portfolio=instituto-augusto-boal |
“O
TEATRO É A ÚLTIMA TRINCHEIRA DA HUMANIDADE. DEFENDA-O.”
(Ronaldo Ventura)
(Ronaldo Ventura)
Diante de um oponente maior,
ou de uma derrota iminente; ou você se rende ou foge; ou você é morto; ou você
dinamiza aquilo que nos torna humanos, nosso “ser” e “fazer”, desperta suas
potências, e cria um momento e um espaço para respirar, concentrar suas forças,
planejar os próximos movimentos, propor os contra-ataques, vislumbrar uma
situação melhor... Você faz uma trincheira.
Fazer trincheiras, apesar de
serem bastante simples em termos de engenharia e tecnologia, é algo que
possibilita tanto a defesa quanto o ataque; é manifestar sua existência, é
expressar a sua recusa em aceitar alguma inferioridade que lhe está sendo
imposta.
Nós fazemos teatro. E nos
impomos. Manifestamos nossa existência perante nossos oponentes que parecem
maiores, perante nossas derrotas que parecem inevitáveis. Lutamos cada dia,
para apresentar o que há de humano para a própria humanidade. Enfrentamos
conceitos, enfrentamos abstrações, enfrentamos razões irracionais, enfrentamos
a subsistência, enfrentamos o descaso. E mesmo assim, nós fazemos teatro.
Nossos inimigos são
perigosos porque se parecem conosco. Eles são falhos como nós somos, e
acreditam que estão certos, do alto de sua iminente vitória, nos desprezam, a
nós e o nosso ato de criar espetáculos, nossos ensaios, nossos coletivos,
nossas redes e tramas... desprezam nosso ato de coragem. Mas nós temos uma
vantagem: Nós fazemos teatro!
O teatro é a resposta dos
fracos.
Aqueles que precisam pensar
e agir. Aqueles que se esforçam para alcançar suas metas. Aqueles que precisam
se unir para sobreviver. Aqueles que às vezes são obrigados a parecerem
estáticos, enquanto se movimentam fora do alcance da visão, enquanto planejam,
enquanto concentram suas forças.
O teatro é a resposta dos
corajosos.
Aqueles que não se calam.
Aqueles que não se submetem. Aqueles que olham para o gigante e não dizem “não
temos como derrubá-lo”, mas pensam “não tem como não acertá-lo”.
O teatro é a resposta dos
audazes. Dos que ousam. Dos impertinentes.
O Teatro é um ato de
resistência, insistência e persistência.
É rebeldia. É proteger o que
há de mais frágil e atacar onde é mais frágil. É ser humano diante de outro ser
humano. É cavar trincheiras.
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